A FMA na Escola de Maria (art.
79)
A Virgem com o Menino e São João Batista é um tema iconográfico, típico
da arte cristã. Entre o fim do século XV e o início do XVI, a questão mereceu a
atenção dos mestres italianos: Sandro Botticelli, Leonardo da Vinci, Rafaelo
Sanzio e Michelangelo Buonarroti. Nesta pintura de Raffaello, podemos ver como
Maria cuida das duas crianças: terna e doce, exprime a sua maternidade a ambos.
Ao mesmo tempo, podemos reconhecer em João Batista a confiança total em Maria e
a pia admiração por Jesus. Recordemos que João Batista foi o primeiro a
perceber a presença divina em Maria por obra do Espírito Santo: a sua mãe
Isabel apercebeu-se quando ele estremeceu no seu seio! E ficou cheia do
Espírito Santo, como nos conta Lucas em (1, 41-44).
O Senhor pôde fazer grandes coisas em Maria, porque é uma mulher que
escuta a sua Palavra, sem nenhuma
resistência à sua vontade e plenamente
disponível para colaborar na missão salvífica, como corredentora com Jesus.
A doutrina da Igreja1 mostra-nos como Maria foi aquele instrumento
essencial e se tornou o nosso modelo de crentes e a Mãe que nos acompanha,
cuida de nós, orienta.
E nós, como FMA, somos privilegiadas porque o nosso Instituto é de
Maria, nós somos as suas filhas, como nos explicou a ir. Anita Deleidi: “O
Instituto nasceu como expressão autêntica, viva, concreta, eclesial da devoção
mariana de um santo, como D. Bosco, para quem Maria não era apenas objeto de veneração e de fé, mas experiência vital, realidade, pessoa viva e
operante que, desde que entrou na sua vida, não deixou de lhe iluminar o
caminho, de lhe inspirar a ação, apoiar
o seu esforço, mesmo até com intervenções extraordinárias2.
O sonho dos 9 anos marca o início desta relação pessoal com Maria, mas também
a “abertura” na “Escola de Maria”. Quando nesse sonho, Joãozinho Bosco se sente
terrivelmente desanimado e confuso com tudo o que lhe era pedido, foi o próprio
Jesus que o acalmou com as palavras seguintes: Eu dar-te-ei a Mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e,
sem a qual, toda a sabedoria se transforma em estultícia. Jesus já tinha feito a
experiência, Ele foi o primeiro “aluno” de Maria e agora oferece a mesma possibilidade
a Joãozinho Bosco e, nele, a todos os salesianos e salesianas de ontem, hoje e
amanhã.
Jesus
é claro – somos capazes de ser competentes em costura, tecnologia, desporto…
possuir muitos títulos, doutoramentos, mestrados…ser grandes pintores, músicos,
teatro… - sem Maria tudo isto é loucura ... porque nos falta a verdadeira formação
que é obra do Espírito Santo e requer a nossa escuta, docilidade,
colaboração. E esta formação, como indica o artigo 79 das nossas
Constituições, recebe-se na Escola de
Maria, só ali se adquire o conhecimento do mundo, com a sabedoria de Deus,
para ser FMA integrada, centrada no “Da
mihi animas, cetera tolle”.
Neste ponto, devemos descobrir por nós mesmas se, realmente, entrámos
totalmente nesta Escola, ou se ainda mantemos posições que impeçam a excelência
do discipulado, que requer a conversão pessoal. Por exemplo, limitarmo-nos a um
conhecimento teórico de Maria: poderemos ser também grandes mariólogas, mas não
ter nenhuma relação com Ela; ou ser grandes “fãs” de Maria, suas zeladoras no
Facebook, Twitter, WhatsApp, Youtube, e-mail…, no entanto, limitadas a uma
emotividade superficial; ou poderíamos ter uma relação com Maria quase
unilateral, limitando-nos apenas às orações com as quais nos dirigimos a Ela.
_______________________
1. É possível examinar o argumento no capítulo
VIII da Lumen Gentium e na Redemptoris Mater, entre outros.
2. Anita Deleidi, “A devoção mariana nas
origens do Instituto das FMA”.
Na sua Escola, é muito mais que tudo isto, significa deixar-se envolver
na dinâmica da fé, para descobrir a presença
viva de Maria e a sua ajuda para orientar decididamente a nossa vida para
Cristo. Com as atitudes de Maria, o Espírito Santo pode modelar, em cada
uma de nós, o sonho que Deus Pai tem para nos moldar ao seu Filho, no estilo
salesiano.
A vantagem que temos é que se trata de uma “escola”, isto é, colegas que
nos precederam, que estão unidos a nós e outros que nos seguirão. D. Bosco,
Madre Mazzarello e muitas FMA podem-nos mostrar com a sua vida o que significa
estar na escola de Maria, o significado de deixar que Ela seja a Mãe e Educadora da nossa vocação salesiana.
Só então também nós poderemos ser educadoras salesianas para as novas gerações,
como explica muito bem a irmã Piera Cavaglià:
“Contra
a tentação frequente de relegar Maria para a esfera do privado, da devoção
estéril ou da credibilidade vã, a redescoberta de Maria, Mãe que coopera na
regeneração e na formação dos seus filhos, tornar-se-á rica de perspetivas e de
novas metas espirituais e pedagógicas. Maria, com a sua sabedoria de mestra e
de guia, continuará a revelar às Filhas de Maria Auxiliadora, como o fez também
com D. Bosco, as modalidades mais eficazes para evangelizar, hoje, a cultura
juvenil”3.
INTERROGAMO-NOS
Leiamos os dois parágrafos do artigo 79 das nossas
Constituições à luz da reflexão que fizemos.
v Quais das minhas atitudes podem indicar aos outros que já
estou na Escola de Maria?
v Interroguei-me se, de facto, Maria é para mim "Mãe
e Mestra da minha vocação salesiana"?
v Leio as biografias de D. Bosco, de Madre Mazzarello, de
tantas FMA que foram verdadeiras discípulas de Maria, para eu aprender com
elas?
v Quem é Maria para mim: uma teoria, uma compensação afetiva,
uma "resolução dos problemas", UMA PRESENÇA VIVA?
v Só a presença de Maria cheia do Espírito Santo é o templo
vivo de Jesus, que fez estremecer de alegria João Batista e contagiou Isabel
com este espírito de amor... Assim deveria ser na minha vida com Maria: cheia
de Espírito Santo, dançando de alegria por ter escutado o Senhor, para me deixar
plasmar pelo seu Espírito e ser colaboradora ativa no Reino do seu Filho, como
FMA feliz!
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